28 de setembro de 2010

O Sonho da água própria.















No sertão do Nordeste a população está espalhada. Como a atividade econômica é pouca, não surgiram muitas cidades grandes, e portanto não se concentrou a população. As famílias sertanejas vivem longe umas das outras, mais que tudo da subsistência, plantando pelo menos mandioca, tentando tirar um pouquinho que seja da terra. Os ciclos da natureza não ajudam. A chuva, suficiente para viver, cai toda num terço do ano e deixa o sol esturricar a terra no resto do tempo. Aí, às vezes, não chove. E tudo que se plantou morre.
Nesse lugar, uma visão comum pelas estradinhas é a de caminhões de água. Vimos vários. Muitos vereadores têm entre suas atividades uma espécie de serviço de “disk-água”: entregam para quem pede, garantem um voto em troca. Os caminhões-pipa, geralmente, carregam a água dos açudes para as casas dispersas (já que a dispersão torna inviável um sistema de água encanada para todo mundo).
Se a chuva é suficiente, mas concentrada demais, existe uma solução óbvia: que cada um guarde o excesso de chuva da sua propriedade para quando faltar. Isso não é uma ideia absolutamente nova, claro. Há décadas constrói-se cisternas no sertão, alimentadas por uma calha com a água que cai no telhado da casa. Mas são iniciativas dispersas e muitas vezes prejudicadas por deficiências no projeto (muitas cisternas vazavam, por exemplo).
Em 2003, uma rede de mais de 600 organizações da sociedade civil criou a Articulação do Semi-Árido, ou Asa, para, de maneira descentralizada, construir cisternas pelo sertão. Foi um sucesso. Hoje quem viaja por aquelas bandas vê cisternas em toda parte: há mais de 400 mil em todo o Nordeste e no sertão de Minas. Se você perguntar para as pessoas se elas gostam da cisterna, provavelmente vai ouvir elogios desbragados. “Foi um presente de Deus”, disse o agricultor José Macário dos Santos, chefe de uma família de oito, numa resposta típica. Como ele, 97% dos agraciados com a cisterna estão satisfeitos. Menos satisfeitos ficam alguns políticos tradicionais. Uns circulam por aí com seus caminhões-pipa, oferecendo para encher as cisternas. Assim o morador não tem que se preocupar com a manutenção e a colocação das calhas (e a chuva é desperdiçada).
Mais recentemente o projeto foi aperfeiçoado. Agora a proposta é dar duas cisternas para cada família: uma para o consumo, outra para um pomar-horta. Além de segurança hídrica, a família ganha segurança alimentar e financeira. O projeto também está se tornando mais abrangente, e passa a envolver o apoio à produção local, a gestão de águas, o desenvolvimento de tecnologias sociais. Privilegia-se espécies da caatinga, que não morrem nem quando há seca. A Embrapa Semi-Árido, onde o professor Nilton de Brito trabalha (conheça-o no vídeo acima), está bastante envolvida nesse projeto. A instituição tem testado o desempenho dos diferentes tetos na coleta de água de chuva, projetado sistemas simples e baratos de irrigação por gotejamento e mantido pomares-laboratório.
(Fonte: Estadão.com.br - Isso não é normal)

22 de setembro de 2010

Área de 30 hectares na BR-232 vai servir de abrigo para espécies do Semiárido que estão ameaçadas de extinção.

Guaraci Cardoso (de boné a esquerda da foto) com o prefeito de Caruaru José Queiroz e o presidente do IPA, Júlio Zoé, representou o CERBCAA/PE no evento. Houve plantio de 70 espécies selecionadas pelo Instituto Agronômico de Pernambuco. A meta do Laboratório Hebron é concluir todo o trabalho em dois anos.
Encontrar a cura para diversas doenças, garantir o desenvolvimento sustentável e preservar o meio ambiente são ações que podem estar ao alcance de suas mãos. É com esta filosofia que a indústria farmacêutica Hebron inaugurou, ontem pela manhã, o Horto Florestal de Caruaru. A data não poderia ser mais propícia, 21 de setembro, Dia da Árvore.
Com o plantio de 70 espécies típicas da caatinga, em uma área de 30 hectares, o laboratório tem um objetivo: não deixar que a vegetação genuína do Semiárido entre em extinção. Segundo dados do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas (Crad), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), nos últimos cinco anos, cerca de 40% da cobertura vegetal do bioma desapareceram. O Horto Florestal de Caruaru, implantado no quilômetro 136 da BR-232, no Agreste do estado, vai servir de abrigo para espécies ameaçadas de extinção. Mais do que preservar, o local também servirá para a realização de pesquisas de material genético visando o combate à desertificação. "Somos pioneiros na produção de medicamentos fitoterápicos. Temos um bioma único no mundo em vias de sumir. Vamos preservar e também pesquisar essas espécies", salientou o diretor presidente do Hebron, Josimar Henrique da Silva.
A iniciativa foi uma parceria entre o Instituto Agronômico de Pernambuco (Ipa) e a Univasf. As 70 espécies foram selecionadas pelo Ipa obedecendo critérios de importância no combate à degradação do solo e do uso medicinal. "O Ipa tem o maior herbário da América Latina. Fizemos a pesquisa das espécies em 30 dias. Todas serão alvos de preservação e estudo. Estamos inaugurando mais do que um horto, um centro de referência", afirmou o gerente de planejamento do Ipa Hildeberto Rodrigues da Silva. Universitários e pesquisadores de todo o mundo poderão utilizar o cinturão verde para estudos do código genético de espécies como a baraúna, o umbuzeiro, a catingueira e a aroeira. "Vamos utilizar o material genético para desenvolver pesquisas clínicas epré-clínicas. Já trabalhamos na produção de medicamentos e queremos continuar com o trabalho, aproveitando a diversidade oferecida na região", comentou Josimar Henrique. A Univasf foi a responsável pelo desenvolvimento das mudas que serão plantadas.
No Ano Internacional da Biodiversidade, a preservação é objetivo maior dos pesquisadores. "As estatísticas relacionadas à caatinga são alarmantes. Estamos desenvolvendo tecnologia para a produção das sementes. Vamos transformar uma área completamente degradada em área verde. Este é o desafio de todo cidadão e estamos de esperanças renovadas", disse o professor doutor José Alves de Siqueira, diretor do Crad. O vice-coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga, Guaraci Cardoso, acredita que iniciativas como esta são essenciais para a manutenção da vida, o desenvolvimento sustentável e o combate ao aquecimento global. "O comitê já é focado na preservação. Estamos encontrando um parceiro multiplicador para a sobrevivência do semi-árido", comentou. O evento contou com a participação de Guaraci Cardoso, Vice-Coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE.

Zoológico - Estudos também estão sendo realizados para a criação de um zoológico da caatinga no Horto. O prefeito de Caruaru, José Queiroz, esteve na cerimônia de inauguração e avalia a possibilidade de se agregar um açude à área para a manutenção também de espécies animais. "Esta é uma iniciativa que entrará para a história do município. Cada um faz a sua parte". Até o fim desta semana serão plantadas 3.600 plantas de 25 espécies distintas em uma área de dois hectares. As demais mudas serão plantadas ao longo de dois anos.
(Fonte: Diário de Pernambuco: Adaíre Sene)


12 de setembro de 2010

A situação dos mangues e a caatinga brasileira



Luciana Ferreira, da Jovem Pan Online, entrevista o biólogo Armênio Uzunian que fala sobre a atuação situação da vegetação brasileira, a agressão aos biomas, transposição do São Francisco, mudanças climáticas e principalmente a riqueza do Bioma Caatinga.



Curiosidades sobre a Caatinga

· Estudos recentes mostram que cerca de 327 espécies animais são endêmicas (exclusivas) da Caatinga. São típicos da área 13 espécies de mamíferos, 23 de lagartos, 20 de peixes e 15 de aves. Entre as plantas há 323 espécies endêmicas.

· A Caatinga compreende quase 10% da área total do território brasileiro, com aproximadamente 740.000 km2.

· Uma área de Caatinga mais conservada pode abrigar cerca de 200 espécies de formigas, enquanto nas mais degradadas há de 30 a 40.

· Cerca de metade da paisagem de Caatinga já foi deteriorada pela ação do homem. De 15% a 20% do bioma estão em alto grau de degradação (com risco de desertificação).

· Vive na Caatinga a ave com maior risco de extinção no Brasil, a ararinha-azul (Anodorhynchus spix), da qual só se encontrou um único macho na natureza. Também vive ali a segunda mais ameaçada do país, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Habitam os arredores de Canudos (BA), e há menos de 150 exemplares, um décimo da população ideal no caso de aves, que demoram a se reproduzir.

· Uma formação de relevo característica na depressão nordestina é o 'inselberg', bloco rochoso sobrevivente ao desgaste natural.

· Na estação seca a temperatura do solo pode chegar a 60ºC.

· A perda das folhas da vegetação da Caatinga é estratégica. Sem folhas, as plantas reduzem a superfície de evaporação quando falta água.

· No idioma tupi, Caatinga quer dizer Mata Branca, referência à vegetação sem folhas que predomina durante a época de seca

7 de setembro de 2010

Caatinga: ambiente dos fortes!





A expedição do Aventura Selvagem é na caatinga da Paraíba. Esse bioma esquecido é moradia de bichos fortes e rústicos. Animais que lutam pela sobrevivência num lugar quente, onde a seca dura praticamente o ano todo. Apesar disso, a vegetação é rica em plantas medicinais, muitas vezes utilizadas pelo sertanejo como único recurso para a cura de problemas de saúde.
É no meio do sertão que Richard Rasmussen encontra uma lacraia, bicho perigoso pelo veneno que injeta ao ser incomodado. No município de Cabaceiras, cenário de vários filmes brasileiros, o aventureiro promove o salvamento de pequenas traíras que estavam prestes a morrer num barreiro.
Ao visitar um criador de caprinos, Richard mede forças com um bode invocadíssimo. Imagine a cena! Depois, ele conhece dois filhotes do bode, recém nascidos que não param de berrar nos braços do selvagem. Um momento imperdível do programa!
Só que outro bicho chega pra roubar a cena: um sapo de chifre. Esse sim o rei da sobrevivência: ele fica debaixo da terra durante quase um ano à espera da chuva. Dá pra ter uma ideia do quanto o aventureiro fica eufórico com esse achado?
No quadro Profissão Natureza, Richard vai ao laboratório de um taxidermista. Ele mostra como é o processo de transformação de animais que já morreram em peças que parecem ter vida novamente. É uma espécie de empalhamento, cuja técnica requer muito conhecimento para que permaneça conservada por anos como se fossem novas.

1 de setembro de 2010

O Comitê Estadual da Caatinga realiza sua XIX Reunião Ordinária na CPRH em Recife (PE)

Hélio Gurgel, Carla Marcon, Elcio Barros e Marcelo Teixeira
(Foto: CPRH)


A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) sediou a XIX Reunião Ordinária do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga de Pernambuco (CERBCCA/PE). O evento foi realizado no último dia 25, no auditório da Agência, e contou com a abertura do diretor presidente da CPRH, Hélio Gurgel, que deu as boas-vindas aos participantes. Na pauta da reunião, assuntos como a leitura da Ata da XVI Reunião Ordinária, palestra sobre as ações do Instituto Chico Mendes (ICMbio) e eleição para a gestão 2010/2012.
Hélio Gurgel falou sobre as atribuições da CPRH, enfatizando os cuidados que a Agência vem empreendendo na busca pela preservação da caatinga, além de destacar a importância desse bioma no meio ambiente. "A nossa preocupação data de muito tempo. É um elemento atávico porque, de alguma forma, temos nossas raízes na caatinga. A busca pelo desenvolvimento com enfoque nessa preservação é uma questão crucial e isso nos traz a certeza de que somente políticas adequadas podem trazer resultados positivos para o bioma, não apenas em Pernambuco, como também em todo o Nordeste", pontuou.
O evento foi conduzido pelo secretário executivo do Comitê, Marcelo Teixeira, e pelo coordenador Elcio Barros, que elogiou o trabalho que vem sendo realizado pela atual gestão do órgão ambiental no Estado. "A CPRH é uma parceira para alcançarmos nosso objetivo de lutar pela preservação da caatinga", disse. Em seguida, o secretário executivo procedeu a leitura da Ata, que foi aprovada por unanimidade pelos membros do conselho.
Houve ainda a apresentação de uma palestra com enfoque nas ações do ICMbio, proferida pela coordenadora regional (CR 6) do Instituto Chico Mendes (ICMbio), Carla Marcon. Ela fez uma explanação sobre a atuação do instituto e as ações realizadas com sucesso, além de enfocar a situação das unidades de conservação federais.
Outro assunto abordado na reunião foi o Projeto de Valorização do Bioma Caatinga, que será iniciado na próxima semana. O projeto consiste no desenvolvimento de ações de Educação Ambiental em 17 municípios da Região do Pajeú, atendendo aos professores das redes municipal e estadual de ensino, além de ambientalistas. As atividades vão ocorrer em três meses e, após esse período, será instituído o primeiro subcomitê do bioma da caatinga. O objetivo é promover mais visibilidade e multiplicar o número de pessoas envolvidas nessa questão. Dessa forma, as ações do comitê para a preservação do bioma serão ainda mais fortalecidas, contando com efetiva participação da CPRH.
(Fonte: Núcleo de Comunicação Social e Educação Ambiental/CPRH)